Confesso que nos últimos tempos não vinha postando
textos aqui no blog, e alguns amigos professores e outros leitores estavam
cobrando por isso. Vou tentar postar com mais frequência agora. Mas fico feliz
que algumas pessoas estivessem acompanhando as publicações e sentindo falta da
divulgação que venho fazendo desse trabalho que une duas de minhas muitas
paixões: o cinema e a História.
Ao longo desse tempo eu vinha mantendo o trabalho
com a utilização de filmes nas aulas de História nos moldes das várias
metodologias aqui já expostas e em vários níveis, do ensino fundamental a
pré-vestibulares, passando pelo ensino médio em diversas modalidades, seja em
salas de aula regulares como nas salas de Educação de Jovens e Adultos, em
regime presencial e semipresencial. Ufa! Foram mesmo muitas experiências ao
longo desses anos, e todas elas podem ser conferidas aqui no blog. Convido vocês
leitores a dar uma passada por estes textos. Bom, sigamos em frente!
Estou postando agora porque recentemente fechamos
um ciclo de discussões nas salas de 9º ano em que trabalhei em 2015 e 2016 a
qual chamamos de Projeto Cinema e História contemporânea. Faço questão de
compartilhar essa experiência porque nunca tinha experimentado o cinema usando
tal metodologia e acho que chegamos a um resultado bem interessante.
Como professor de História há 15 anos uma das
constatações mais necessárias a fazer, quando penso na dinâmica do processo de
ensino-aprendizagem, é a importância da sensibilização do aluno como fator
norteador da apreensão dos conteúdos. Se levarmos em consideração que um plano
de aula contempla as etapas de sensibilização, problematização, investigação e
conceituação, cabe ao professor, enfim, definir as ferramentas (suportes) que
lhes possibilitem conduzir esse processo a fim de que o objetivo fundamental da
aula seja atingido, qual seja, o aprendizado por parte dos alunos
Entendo que o cinema deva ser usado como uma
estratégia de abordagem do conteúdo, sobretudo nas etapas de sensibilização e
problematização, oportunizando aos alunos um espaço para a reflexão em torno de
uma meta da nova educação: o letramento midiático. Sendo assim, proponho o uso
de filmes em sala de aula como um elemento gerador de uma investigação crítica
das factualidades, e não um elemento decorativo da aula, menos como ilustração
do que realmente instigador do pensar a História.
Pois bem, o projeto não visou a simples exibição
de filmes aos alunos como ilustração dos conteúdos, mas acima de tudo um meio
para estimularmos o estudo comparativo como o objetivo de tornar a análise dos
fatos históricos uma experiência crítica. Foram selecionados 13 filmes cuja
temática estava relacionada ao conteúdo a ser estudado no II semestre do 9º ano
do Ensino Fundamental. No entanto os filmes não foram exibidos em sala de aula
integralmente. Dividimos esses filmes segundo o estudo por eixo temáticos. Forma
eles:
- Ascensão dos regimes totalitários na Europa pós I
Guerra Mundial
- II Guerra Mundial
- Guerra Fria: disputas ideológicos, conflitos no
sudeste asiático e processos de descolonização.
Vejam os filmes que foram distribuídos aos alunos:
Após a divisão dos temas, houve uma aula de
apresentação do projeto para que os alunos tivessem uma certa dimensão da
intencionalidade pedagógica e pudessem contribuir, inclusive com sugestões de
ordem metodológica. Nesse mesmo dia, fizemos um sorteio para definir o tema que
caberia a cada equipe e depois cópias dos filmes foram distribuídas de acordo
com o conteúdo que caberia a cada grupo de alunos explorarem.
Aula de apresentação:
Os alunos se revezaram na posse do filme até que
todos os membros da equipe tivesse vistos todos os filmes. O desafio também era
ler o conteúdo referente ao tema do filme e buscar semelhanças e diferenças em
relação a abordagem. Por exemplo: o que o filme apresenta que não vi no texto do
livro, e o que ficou de fora do filme em relação ao material didático? É
possível um filme que seja uma retratação fiel dos fatos narrados no livro? É
ainda possível que os livros também abordem a história de forma total? O filme,
afinal, é menos “verdadeiro” que o livro? Questões como essas serviram ao nosso
debate.
O texto está ficando longo, mas estou concluindo,
caros colegas. Bem, chegamos a culminância das atividades. Cada equipe fez uma
apresentação daquilo que puderam observar no estudo comparativo. Mas, confesso
agora que o mais importante deixei para o final: cada equipe tinha também como
responsabilidade selecionar algumas cenas do filme para que durante a
apresentação do tema, pudéssemos com base na exibição dessas cenas e na
observação dos textos do material didático, observarmos juntos de que maneira os
responsáveis pela produção do filme buscaram fazer o registro do fato histórico.
E como professor, foi interessante ver que critérios os alunos usaram para
selecionar essas cenas.
Culminância com a apresentação dos alunos:
Com essa atividade, sinceramente penso que demos
um passo adiante no sentido de usar o audiovisual de forma crítica e
construtiva, contribuindo para despertar a curiosidade do aluno para o estudo da
disciplina e mostrar como também, através de outras mídias, podemos pensar a
História, desde que estejamos devidamente atentos à relevância disso. E esse
também deve ser o papel da escola, já que vivemos em um mundo cada vez mais
imagético.
Professor Josemar de Medeiros Cruz